As emoções, isoladamente, não podem ser responsabilizadas pelo surgimento de enfermidades. Mas existe uma exceção à regra: as doenças coronarianas. Conforme relata a psicóloga Ana Lucia Martins da Silva, o Hospital Israelita Albert Einstein, que participou do livro "Coração...É Emoção" (Ed. Atheneu), estresse e depressão são capazes de afetar a saúde cardíaca mesmo quando a pessoa não tem predisposição genética ou hábitos insalubres.
Como suspeitavam os antigos intuitivamente, o coração é realmente o órgão dos sentimentos. Há doenças cardíacas diretamente relacionadas ao estresse, ou seja, provocadas apenas por uma forte emoção, como a miocardiopatia estresse induzida, ou doença de Takotsubo. Conhecida como "síndrome do coração partido", seus sintomas são parecidos aos de um infarto do miocárdio, só que não há a obstrução das artérias coronárias.
Estudos como o publicado no jornal inglês The New England Journal of Medicine também apontam forte associação entre ansiedade, síndrome do pânico e patologias cardíacas, como a Síndrome X. O indivíduo que apresenta a enfermidade tem os sintomas de angina (dor no peito), mas também sem lesões nas coronárias.
Risco de infarto
Um dos estudos mais significativos relacionando as emoções ao coração é o denominado "Interheart". A pesquisa avaliou fatores de risco associados ao infarto agudo do miocárdio em 52 países, incluindo o Brasil. Cerca de 30 mil indivíduos foram entrevistados e o resultado comprovou que fatores psicossociais, como estresse e depressão, aumentam o risco de infarto em 60%.
Só na América Latina, o estresse permanente eleva o risco da doença em 180%. Por isso a necessidade de se prevenir e gerenciar o estresse, atitudes que evitariam 28% dos casos na América Latina (uma redução de 80 mil incidências de infarto por ano no Brasil) e 33% no mundo.
Tímidos ou ambiciosos
Do ponto de vista fisiológico, não é difícil entender a relação causal das emoções fortes (estresse, ansiedade, raiva, irritação) sobre a saúde do coração. “Diante de uma ameaça, há uma descarga de adrenalina no organismo e o corpo pode responder a isso de diversas maneiras; com a constrição dos vasos (que ficam mais estreitos), o suor frio, o coração batendo mais rápido...", explica o cardiologista e fundador do Centro de Terapia Intensiva do Hospital Israelita Albert Einstein, Elias Knobel, principal autor do livro.
"Já que o coração acelera o ritmo, há uma elevação da pressão arterial e pode ocorrer o entupimento das coronárias e, consequentemente, o infarto, as arritmias cardíacas, a angina etc”, explica.
Há dois tipos de comportamento, descritos pela literatura científica, como os mais propensos a desenvolver as doenças coronarianas. Entre eles, o denominado “Tipo A” tem várias características próximas ao perfil de um executivo moderno. Inclui pessoas ambiciosas, competitivas, impacientes, agressivas, com hostilidade encoberta, irritabilidade e senso contínuo de urgência de tempo; comportamentos que causam mais ansiedade.
“Já o denominado tipo D é fator independente de recorrência de evento cardíaco e, quando associado a dois ou mais fatores de risco, diminui em 10% a resposta terapêutica esperada. Neste perfil, estão pessoas com inibição social, baixa assertividade, hostilidade velada e expressão emocional contida”, segundo a publicação de Knobel.
Por Carla Prates
Especial para o UOL Ciência e Saúde
Emoções Podem Ser Causa Direta De Doenças Coronarianas
Como suspeitavam os antigos intuitivamente, o coração é realmente o órgão dos sentimentos. Há doenças cardíacas diretamente relacionadas ao estresse, ou seja, provocadas apenas por uma forte emoção, como a miocardiopatia estresse induzida, ou doença de Takotsubo. Conhecida como "síndrome do coração partido", seus sintomas são parecidos aos de um infarto do miocárdio, só que não há a obstrução das artérias coronárias.
Estudos como o publicado no jornal inglês The New England Journal of Medicine também apontam forte associação entre ansiedade, síndrome do pânico e patologias cardíacas, como a Síndrome X. O indivíduo que apresenta a enfermidade tem os sintomas de angina (dor no peito), mas também sem lesões nas coronárias.
Risco de infarto
Um dos estudos mais significativos relacionando as emoções ao coração é o denominado "Interheart". A pesquisa avaliou fatores de risco associados ao infarto agudo do miocárdio em 52 países, incluindo o Brasil. Cerca de 30 mil indivíduos foram entrevistados e o resultado comprovou que fatores psicossociais, como estresse e depressão, aumentam o risco de infarto em 60%.
Só na América Latina, o estresse permanente eleva o risco da doença em 180%. Por isso a necessidade de se prevenir e gerenciar o estresse, atitudes que evitariam 28% dos casos na América Latina (uma redução de 80 mil incidências de infarto por ano no Brasil) e 33% no mundo.
Tímidos ou ambiciosos
Do ponto de vista fisiológico, não é difícil entender a relação causal das emoções fortes (estresse, ansiedade, raiva, irritação) sobre a saúde do coração. “Diante de uma ameaça, há uma descarga de adrenalina no organismo e o corpo pode responder a isso de diversas maneiras; com a constrição dos vasos (que ficam mais estreitos), o suor frio, o coração batendo mais rápido...", explica o cardiologista e fundador do Centro de Terapia Intensiva do Hospital Israelita Albert Einstein, Elias Knobel, principal autor do livro.
"Já que o coração acelera o ritmo, há uma elevação da pressão arterial e pode ocorrer o entupimento das coronárias e, consequentemente, o infarto, as arritmias cardíacas, a angina etc”, explica.
Há dois tipos de comportamento, descritos pela literatura científica, como os mais propensos a desenvolver as doenças coronarianas. Entre eles, o denominado “Tipo A” tem várias características próximas ao perfil de um executivo moderno. Inclui pessoas ambiciosas, competitivas, impacientes, agressivas, com hostilidade encoberta, irritabilidade e senso contínuo de urgência de tempo; comportamentos que causam mais ansiedade.
“Já o denominado tipo D é fator independente de recorrência de evento cardíaco e, quando associado a dois ou mais fatores de risco, diminui em 10% a resposta terapêutica esperada. Neste perfil, estão pessoas com inibição social, baixa assertividade, hostilidade velada e expressão emocional contida”, segundo a publicação de Knobel.
Por Carla Prates
Especial para o UOL Ciência e Saúde