Como O Brasileiro Se Relaciona Com A Administração De Empresas


Por Sandra Regina da Luz Inácio
Não existe qualquer prova de que um povo tenha características inexistentes em outro. Quando muito seria possível pensar em características mais importantes num grupo do que em outro. As condições da vida social é que determinam as características psicológicas, embora estas, depois, possam também influir na vida social.“É preciso distinguir: o passado atua no presente e pode ser uma força determinada da ação, mas isso só ocorre quando forças do passado continuam no presente”.
A ideologia do caráter nacional brasileiro passou a ter menos significação e começou a desaparecer no momento em que as condições objetivas da vida econômica de certo modo impuseram a necessidade de um novo nacionalismo. À medida que se acentua a industrialização brasileira, é a economia do país que passa a ser posta em jogo e a luta pela independência econômica substitui as explicações das características nacionais.
Este simples artigo não pretende dar uma receita de como manejar o brasileiro, mas isolar alguns traços do seu tipo social que ajudam a compreendê-lo trabalhando:
• Bondade e hospitalidade• Culto da personalidade• Dificuldade de obediência• Falta de coesão social• Imprevisibilidade (apagar incêndios)• Falta de culto ao trabalho• Falta de controle e acompanhamento• Cultura ornamental• Cordialidade• Afetividade e irracionalidade (muitas vezes resolve pelo emocional)• Falta de objetividade• Religiosidade intimista, dócil e resignada.• Sobriedade diante da riqueza• Individualismo• Respeito pelas chefias carismáticas
No que diz respeito ao Planejamento, o brasileiro precisa ganhar mais objetividade e determinação. Ele tende a ridicularizar ou a se ressentir de um grau de formalização maior sempre que se discute planejamento.
Dadas as suas origens, o brasileiro tende mais à improvisação do que ao planejamento.
O mesmo se diga quanto à Organização. O brasileiro é espontâneo e indisciplinado no que diz respeito à organização social e administrativa, preferindo um ambiente de imprevidência e o caos, a um ambiente de ordem pre-estabelecida.
Quanto ao Processo Decisório, o brasileiro tende para um padrão mais espontâneo e improvisado, caminhando em círculo, agindo com certa lentidão, buscando consenso e participação e finalmente decidindo inopinadamente por impulso. A clareza racional só será conseguida após muitos estágios de desenvolvimento pessoal.
As comunicações do brasileiro têm o brilho da retórica e a graça do estilo latino, mas são carentes de clareza, concisão e simplicidade. O brasileiro nem sempre vai direto ao ponto, com medo de expor cruelmente ou de ser grosseiro. Ele não dirá sim nem não, muito pelo contrário. Aqui novamente falta a objetividade fria e a folhagem da erudição latina confunde ainda mais.
Quanto ao Controle, o brasileiro não está acostumado a ser cobrado sem ter o seu amor próprio ferido, não está acostumado a prestar contas espontaneamente. O acompanhamento das decisões, o famoso “follow up” anglo-saxônico é precário entre os brasileiros.
Tudo o que foi dito pode ser corrigido no momento em que a luta pela sobrevivência do brasileiro exige dele atitudes administrativas iguais às de todos os outros povos igualados cosmopolitismo, ao mesmo tempo em que destroem alguns tesouros de nossa civilização tradicional, ajudam a estilizar o modo brasileiro de fazer as coisas.