Desilusão, Que Nada.


Autor Clarles Benigno
 
Ao conversar com um amigo meu, fiquei surpreso tal a desmotivação com a profissão que escolheu. Quis abandoná-la quase por completo. Por ser uma pessoa muito honesta, está decepcionado ao ver como existe desonestidade em sua área. Ele é contador. Mas podia ser advogado, médico, engenheiro, administrador. Isso acontece em todas as profissões.
            Realmente, o mercado está cheio de gente sem escrúpulos, a corrupção salta os olhos. Nem a magistratura está isenta. Entretanto, abandonar uma profissão porque há muita gente desonesta não é o caminho. Nem uma visão realista da vida.
Todas as sociedades têm uma tendência à corrupção, isto está provado em estudos. Portanto, nas profissões não poderia ser diferente, porque é reflexo do ser humano, com suas falhas, seu lado bom e ruim.
Esse estado de coisas é resultado da própria estrutura da natureza, que é regulada forças opostas. Bom e mau. Positivo e negativo. Honesto e desonesto. Quente e frio. É a ação das forças opostas, em conjunto, que permite o equilíbrio do sistema. Em um ou outro momento um lado prevalece, mas depois a natureza tende ao equilíbrio.
Isso acontece em tudo na vida. Dessa forma, a existência de bons e éticos profissionais é necessário para que os ruins e desonestos não prevaleçam. O que não vale é esquecer o nosso papel nesse processo e simplesmente abandonar o barco, cruzar os braços. Essa é uma atitude omissa, cômoda até.
O erro está em achar que nós, individualmente, não temos como combater um estado de coisas. Nos sentimos incapazes diante da grandiosidade dos fatos. Só queremos agir se pudermos mudar tudo, realizar grandes coisas. Esquecemos da nossa capacidade de impedir que as coisas sejam piores, que a sociedade seja formada unicamente por pessoas sem escrúpulos.
Um professor, por exemplo, pode ajudar um aluno a superar suas limitações e este aluno vir a ser um grande líder. Um engenheiro pode assumir uma empreitada que poderia cair nas mãos de um Sérgio Naya e evitar a morte ou prejuízo de milhares de pessoas. É isso que dá sentido a nossa profissão.
A única maneira de mudarmos uma situação é combatê-la. Isso pode ser feito de várias formas, mas a principal é fazer a nossa parte. Esqueçamos aquilo que não podemos mudar e nos concentrar no que podemos. Essa é a nossa contribuição, que pode vir a mudar por completo aquilo que gostaríamos que fosse diferente. Mesmo que depois de muito tempo. Mesmo depois que não estivermos mais aqui.