Homeopatia Em Odontologia


Por Paulo M. Zelante
A odontologia sofreu, nos últimos 40 anos, notável evolução em métodos e tecnologias com a descoberta e aquisição de novos equipamentos e técnicas menos agressivas. Absorveu em termos de terapêutica, todas as linhas de medicamentos de síntese, tais como: antibióticos, antiinflamatórios e analgésicos para o tratamento dos diversos quadros clínicos agudos e crônicos, com o objetivo de atenuar ou modelar profilaticamente a intensidade de resposta inflamatória.
Entretanto, faz-se sentir a ausência dos ensinamentos da terapêutica homeopática nas faculdades de medicina e de odontologia em caráter obrigatório. Porém, a constante evolução das pesquisas com medicações homeopáticas, trará benefícios terapêuticos, comprovação e reconhecimento desta terapêutica consagrada há 200 anos em consultórios de todo mundo. A homeopatia, palavra de origem grega que significa moléstia semelhante, foi criada e desenvolvida pelo médico alemão Samuel Hahnemann. Porém, nos primórdios da medicina encontramos esse axioma terapêutico e foi Hipócrates, em 450 a.C. quem primeiro enunciou o princípio da semelhança, expressando-o no conhecido adágio similia similibus curantur - semelhantes se curam pelos semelhantes.
A homeopatia chegou ao Brasil por volta de 1840.
A Homeopatia tem como base o Vitalismo, doutrina na qual o funcionamento psicofísico do indivíduo é coordenado por uma forma de energia imaterial que interliga todas as suas partes. Essa energia é chamada de Energia Vital. O homem é um ser social com qualidade volitiva e intelectiva. Quando sua Energia Vital vibra harmoniosamente, ele se encontra em perfeito estado de saúde, ou seja, não se observam sintomas tanto no plano físico como no mental. Isso significa que ele está apto a se realizar como Ser Humano porque pode usufruir livremente da inteligência para dirigir sua vontade. A homeopatia esta alicerçada em 4 princípios fundamentais:
Lei dos semelhantes Experimentação no homem são Medicamentos únicos dinamizadas Doses mínimas dinamizadas Em termos bucais sabemos que a cárie e a doença périodontal, são as doenças de maior incidência e prevalência na humanidade. Pensamos também que haja a atuação da inteligência do corpo e de sua energia vital, exonerando através da cavidade bucal e de seus constituintes, os desequilíbrios ocorridos na energia vital, com a finalidade de proteger órgãos nobres, justificando esta alta incidência e prevalência de cárie e doença periodontal no homem.
Hahnemann, após muitas observações clínicas, ao aplicar a Lei dos Semelhantes aos tratamentos de casos agudos, notou que muitas vezes havia recidiva da doença, mesmo quando bem indicado o medicamento homeopático. Elaborou então, a "teoria dos miasmas" e classificou os estados patológicos como terreno em três tipos: Psora -Sicose -Sífilis.
Psora: manifestações odontológicas - sinais bucais - herpes, aftas, distúrbios de erupções dentarias, hipotonias labial e lingual, gengivite, doenças oriundas da desmineralização precoce (manchas brancas, caries incipientes). Sicose: manifestações odontológicas - proliferação celular anormal, formações císticas, hiperplasias, lesões brancas de cavidade bucal, alterações oclusais. Sífilis: manifestações odontológicas - abcesso, úlcaras, lesões hemorrágicas em mucosas, halitose pútrida, cáries rampante. Na indicação de uma medicação homeopática, devemos usar o repertório homeopático, o qual destina-se a servir de lembrete, de sugestão, pois pode levar o homeopata a pensar em certos medicamentos que poderiam ser esquecidos e termos conhecimento e acesso a matéria médica de cada medicação a ser receitada.
Casos Clínicos >>
Caso Clínico 1
Paciente: Mulher, 44 anos, casada Diagnóstico: Doença Periodontal Sinais e sintomas: medo de cancer, medo de escuro Dentes com mobilidade grau II, presença de cálculo sub gengival e exsudato purulento. Conduta Clínica: Raspagem e alisamento corono- radicular (RACR), técnica de escovação. Medicação: Calcária Phosphórica LM-I (uma gota /dia durante uma semana) Retorno em uma semana: gengiva melhorou, com aspecto saudável, dentes praticamente sem mobilidade. Paciente apresentou-se mais animada, mais confiante. Visitas regulares ao dentista a cada 60 dias.
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Caso Clínico 2
Paciente: Homem, 39 anos, casado Diagnóstico: Glossitis Migratória Sinais e sintomas: eritema, ardência ao quente e alimentos ácidos. Medo de água. Compassividade. Conduta Clínica: orientação em relação aos alimentos, medicação em dose única Phosphorus 30CH. Paciente relotou melhora significativa, logo no segundo dia. Retornou ao consultório no quinto dia em condições normais,sem lesão e sem qualquer desconforto.  
 
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Caso Clínico 3
Paciente: Mulher, 32 anos, casada Diagnóstico: Doença periodontal Sinais e sintomas: Mobilidade dental de grau II, presença de exsudato purulento. Depressão por perda de ente querido (irmão). Relembra com intensidade situações passadas. Percebeu que o problema gengival agravou após perda do irmão.Conduta Clínica: raspagem e alisamento corono-radicular(RACR), técnica de escovação. Medicação: Natrium Muriticum 200CH em dose única. Retorno em uma semana: paciente relatou melhora do estado de humor, gengivas em boas condições com aspecto saudável e dentes sem mobilidade.