Trânsito E Noitadas Fazem Ouvidos De 29 Anos Parecerem De 60


O exame auditivo e o impacto nas cordas vocais parecem de alguém que já passou dos 60 anos. No documento de identidade, porém, os pacientes que têm freqüentado o consultório da fonoaudióloga Talita Donini não chegaram nem aos 29 de idade.“A reunião de hábitos de risco vivenciada por esta parcela da população é a responsável”, diz Talita. “É ela que tem feito com que a diminuição da capacidade auditiva e também comprometimentos vocais apareçam nos jovens antes mesmo dos seus pais e avós apresentarem estes tipos de problema”, explica ela, especialista da Phonak, entidade que lançou uma campanha de combate à surdez precoce. A descrição de uma sexta-feira típica de um jovem reúne todos estes potencializadores de vilões dos ouvidos e das pregas vocais. Primeiro, até o caminho do trabalho, são em média 50 minutos submetidos à poluição sonora dos carros, buzinas, obras na pista e burburinho das metrópoles. Acrescente a este cenário, um fone de ouvido e um MP3 em altura máxima. No trabalho, há utilização intensa de aparelhos telefônicos móveis e fixos. À noite, casa noturna com música alta, ar condicionado, acúmulo de pessoas, doses etílicas e baforadas de cigarro. Um levantamento feito pelo Ministério da Saúde mostrou que, na faixa etária entre 18 e 24 anos, 12,7% das mulheres e 23,4% fumam. Quando decidem beber, 34% deles consomem mais de 5 doses em uma única oportunidade e 26,3% delas também repetem este padrão.
Acima do limite
A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que, para não ferir os ouvidos, os sons não podem passar de 75 decibéis, em uma exposição máxima de 8 horas. As medições já feitas em baladas mostram que, em média, as casas oferecem sons na faixa de 100 decibéis, o que faz com que a freqüência neste recinto seja de, no máximo, 2h.  A céu aberto, o barulho também é intenso. Quem escuta mal, acaba falando mais alto, força as pregas vocais, o que pode provocar calos e lesões. Cigarro e álcool, ainda mais quando consumidos em parceria, agravam o impacto na garganta, já alertam os oncologistas, e podem até culminar em um câncer de boca, laringe ou faringe. O ciclo de danos está formado, a maioria deles irreversível.
 
Fonte: http://www.correiodoestado.com.br/noticias/transito-e-noitadas-fazem-ouvidos-de-29-anos-parecerem-de-60_132617/