Empresas Familiares: Qualidade De Vida E Céluas-tronco


Sabe-se que a qualidade de vida das pessoas está diretamente ligada ao estado de saúde, tanto dos órgãos internos, como das articulações, além das condições da saúde bucal. Isto é verdadeiro em qualquer idade, mas acima dos 65 anos de idade, passa a ser fator determinante. Esse grupo etário se queixa que a falta de dentes dificulta a mastigação e, por isso, a alimentação fica também limitada a alimentos líquidos ou semi-sólidos, problemas gástricos surgem ou se complicam, entre outros. Outra queixa é a secura na boca, que pode estar ligada a inúmeros problemas da área digestiva. D.Locke e colaboradores, dentistas da Universidade de Toronto, Canadá, estudaram 225 pessoas, com uma média de idade de 83 anos e que viviam em casas de forma não independente e foram submetidos a 2 testes: Geriátrico Oral Health Assessment Index (GOHAI) e uma forma abreviada do Oral Health Impact Profile (OHIP-14) - esse último teste avaliava o nível de estresse e satisfação com a vida. Um terço dos entrevistados considerou o nível de saúde bucal médio ou mau e 20% o considerou muito inadequado. Em outras palavras mais da metade do grupo tinha uma percepção da sua queda de qualidade de vida, causada pelas condições bucais. Aplicado o GOHAI, 53% relataram problemas sociais e psicológicos devido aos dentes e com o OHIP-14 somente 17% tinham boas condições. Os autores concluem que esses testes medem adequadamente a qualidade de vida, e esta estava ligada à área bucal e mesmo os mais idosos conseguem avaliar corretamente essa deficiência. Silvio R. C. da Silva e colaboradores, da Odontologia Social, da Faculdade de Odontologia de Araraquara, da Universidade Estadual Paulista estudam a autopercepção das condições de saúde bucal por idosos. Participaram do estudo 201 pessoas, dentadas, com 60 anos ou mais, funcionalmente independentes, que freqüentavam um centro de saúde local. Foi aplicados questionário e o índice Geriatric Oral Health Assessment Index (GOHAI), além de um exame clinico. O exame clínico revelou grande prevalência das principais doenças bucais, apesar de 42,7% das pessoas avaliarem sua condição bucal como regular. Os autores concluem que existe uma ausência da percepção da saúde bucal e o quanto esta interfere na qualidade de vida, mostrando ser necessário desenvolver ações preventivas. Por outro lado o que está surgindo na área da pesquisa odontológica é a possibilidade de num futuro podermos contar com as células-tronco, na busca desta melhora da qualidade de vida. Uma equipe de cientistas japoneses do Instituto Nacional de Ciências e Tecnologias Avançadas (AIST) informou que conseguiu criar, a partir de um dente do siso extraído precocemente, células-tronco similares às embrionárias. Elas têm a capacidade se transformar em qualquer tecido humano e ajudar na reconstrução de diversos órgãos danificados por uma doença. Caso confirmada a sua viabilidade, este avanço traz novas esperanças para o uso destas células pela medicina, sem que estas tenham que ser extraídas de embriões humanos. Seria mais uma alternativa para contornar o problema ético apontado por alguns grupos contrários à conservação e à utilização direta de células embrionárias. Os cientistas também relataram pela primeira vez que os "dentes de leite", os dentes temporários que as crianças começam a perder por volta dos seis anos de idade, contêm um rico estoque de células-tronco na polpa dentária. Estes e os sisos seriam as fontes abastecedoras destas células e consequentemente da qualidade de vida Resta saber o que isto tem a ver com a Empresa Familiar? Eu diria tudo! A empresa familiar sobreviverá na dependência direta do código genético (ou administrativo) que foi transmitido para as novas gerações e estas terão a incumbência de manterem a vida da empresa. A empresa familiar é toda aquela que esteja ligada a uma família, durante pelo menos duas gerações. Isto, se essa ligação resulta em uma influência recíproca, tanto na política geral do empreendimento, como nos interesses e objetivos da família. Não é assim que funcionam as céluas-tronco?! Tem como característica básica a sucessão do poder decisório – não é esta a função do DNA?! - de maneira hereditária a partir de uma ou mais famílias. A estrutura familiar - ou poderia ser a estrutura corporal - quando alocada a uma empresa, leva uma série de interações específicas da família, provocando particularidades na atuação na empresa, tornando-a diferente das demais empresas. Na empresa, a relação pai-filho é fundamental para a sua preservação, com as céluas-tronco teríamos o relacionamento destas com as células corporais. As relações entre pais e filhos já são complexas hoje em dia no contexto normal. Os filhos de hoje – leia-se células-tronco - são mais bem informados, possuem uma maior gama de relações com outros adultos e, via de regra, são mais maduros. Os pais de hoje provêm de uma educação rígida, de um mundo em rápida mutação e de uma sociedade ocidental que não respeita os idosos como as culturas orientais. Sem dúvida o corpo humano é uma empresa altamente especializada
Dra. Maria José Carvas Pedro