O Poder Da Razão E A Sensibilidade Da Autoridade


Sempre gostei muito de livros e filmes. Não raro encontro nos mesmos explicações para fatos e situações. O fantástico nesta imersão cultural é que encontramos explicações diferentes para o mesmo fato. Um exemplo poderia ser a similitude entre “Sabrina” (Sydney Pollack – filme) ; “Razão e Sensibilidade” (Jane Austin – livro ) ; estudos sobre hemisférios cerebrais (psiconeurologia) e os conceitos de PODER e AUTORIDADE, tão brilhantemente exposto no “O Monge e o Executivo” O que todos eles têm em comum é a explicação da conexão entre os hemisférios cerebrais, cuja finalidade é a busca pelo equilíbrio, progresso e sucesso de resultados. Toda vez que encontro alguma dificuldade em me aprofundar nos estudos administrativos, recorro à analogia com a fisiologia humana. Em minha opinião esta é a empresa melhor elaborada e estruturada que já tive conhecimento. Sempre tomo como a presidência a neurologia e a partir daí começo os processos comparativos. Desta vez, ao pensar sobre motivação, em como entusiasmar pessoas pela sua própria crença; como envolve-las , mas sem imposição; como inspirar uma equipe a perseguir seus objetivos, participando de suas conquistas, chego a pensar na motivação por sensibilidade, talento e percepção. Saber diferenciar, segundo James C. Hunter, em seu livro “O Monge e o Executivo”: “PODER como a faculdade de forçar ou coagir alguém a fazer sua vontade, por causa de sua posição ou força, mesmo que a pessoa preferisse não o fazer” e “AUTORIDADE: como a habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer por causa de sua influência pessoal”. Sendo estas as características do líder contemporâneo, de perfil inovador. Vejo estas definições como simplesmente fantásticas, mas a explicação básica de tudo consiste no equilíbrio neurológico entre razão e emoção. Entre hemisfério esquerdo e direito do cérebro. Nossos dois hemisférios são assimétricos em termos de funções mentais, sendo que o hemisfério esquerdo é mais predominantemente verbal e analítico e o hemisfério direito mais espacial e holístico. Os dois hemisférios estão conectados um ao outro através do corpo caloso (ponte que une os dois hemisférios). Tem sido estimado por muitos neurocientistas que nós usamos uma pequena porção do imenso potencial do nosso cérebro. Quando um alto nível de comunicação inter-hemisférica ocorre entre os dois hemisférios, acontece um aumento dramático na criatividade e certos tipos de inteligência. Jung coloca o "pensamento dirigido" (hemisfério dominante) como resultado da linguagem e dependente em larga medida desta abstração que é a palavra. Tem uma finalidade pessoal e uma social, pois é essencialmente um meio de ligação entre as pessoas. Ele contrapõe a este pensamento consciente o pensamento fantasia que, ao invés de alimentar-se da realidade e de ser um instrumento de adaptação ao mundo dos sentidos, alimenta-se de fantasias, imagens e predisposições inconscientes. Este último é livre, solto e ilimitado, porém tem pouco valor adaptativo (à realidade). O primeiro exige maior esforço (cansa e exige repouso) que o segundo que é fluído e espontâneo como um sonho. Vamos então usar a noção de que temos dois hemisférios cerebrais e estabelecer uma analogia entre o funcionamento habitual do Pensamento consciente (pensamento dirigido, atenção seletiva) e a função Sentimento (unicismo, ampla visão compreensiva) representada - em conjunto com a intuição humana - no funcionamento do hemisfério cerebral alternativo (analogia, símbolos, metáforas). Importante notar que as culturas que possuem em seu vernáculo mais “vogais”, têm uma tendência natural a estimular mais o hemisfério do sentimento. Daí a separação das letras entre vogais e consoantes (que agem como estimuladoras do hemisfério racional). Neste sentido temos que entender que aprendemos primeiro com o hemisfério dominante, e que temos que ler bons livros, decorar algumas coisas, literalmente enchendo a mente de informações (de preferência com bons autores), conhecerem dados estatísticos e classificatórios e assim por diante. Nesta fase o PODER é predominante, ou seja, ainda não trabalhamos os “nossos medos” + “aprendemos raciocínio lógico” = PODER Como estamos em constante processo evolutivo psicológico; podemos imaginar hipoteticamente uma linha reta com duas direções. Num extremo temos o medo, o orgulho, o preconceito ( estimulado pelo hemisfério racional) e no outro o amor, prazer, paz, tranqüilidade ( estimulado pelo hemisférios abstrato). Quanto mais estamos próximos ao medo mais queremos e lutamos pelo PODER. Ao contrário, quanto mais nos aproximamos do outro extremo, mais desenvolvemos nossa AUTORIDADE para liderarmos nossos subordinados. As fibras transeptais são as pontes que fazem estas conexões e permitem que os seres humanos cresçam em conhecimento lógico, mas com a sensibilidade da autoridade Se quisermos nos aprofundar mais um pouco, na psicologia dos perfis podemos buscar uma conotação literária e aí nos reportaremos os livro de Jane Austin “Razão e Sensibilidade”. A partir do momento em que as irmãs Dashwood se apaixonam ficam visíveis as diferenças comportamentais. Enquanto uma é contida e racional, como principal forma de conduzir as situações; a outra é emotiva e com muita sensibilidade. Com o desenvolvimento da trama, ambas buscam aprender mutuamente, e no final chegam ao equilíbrio. Este também é o foco em “Sabrina”, onde o poder (Linus - Harrison Ford) ao encontrar a sensibilidade (Sabrina Fairchild - Julia Ormond), transforma-se em autoridade e crescimento pessoal Socialmente estamos vivendo um momento marcado pelo sentimento, pela sensibilidade de lidar com as pessoas, pela paixão, pelo talento e pelo amor em tudo o que se faz. Esta sensibilidade é detectada no líder pelo seu talento que é o grande diferencial competitivo do século XXI. É impossível motivar uma equipe apenas pela imposição, pelo poder.
Dra. Maria José Carvas Pedro